sexta-feira, 18 de março de 2011

Areia movediça

Há lugares onde não há razão. E é lá mesmo que eu a procuro.
Há também as coisas que não tem função em si e essas são as mais desconcertantes.
Há pessoas que se perpetuam na minha vida como se ela mesma fosse durar pra sempre.
Há saudades que se perpetuam na minha vida como se elas fossem durar pra sempre.
Mas nada é assim tão sólido; faz muito tempo que aprendi que a vida é feita sobre areia movediça.
Há ainda as coisas que pensamos controlar e que nos assolam.
Mas a utopia da certeza é embriagante. A segurança das certezas falsas é o que cultuamos todos os dias pois o mais dificil é aceitar que as coisas sejam como são; que a gente sente o que sente; é o que é e acima de tudo que a gente não consegue controlar nada a menos que perca todas as melhores partes.
Eis ai o medo maior

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pedido

Te pego
Te mordo
Te sugo
Te engulo
Te como
Te cheiro
Te agarro
Te degluto
Te aspiro
Te incorporo
Te sinto
Te guardo
Te amarro
Te chupo
Te aperto
Te trago
Tudo pra esquecer, da possibilidade de te esquecer.
E você por tudo que há de mais belo no mundo - não me esqueça.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O MELHOR DA FEBRE É O DELÍRIO

Sim, o melhor da febre é o delírio
Mas no rastro da sombra que deixaste
Caminho com a tristeza
Bebendo chuva e lágrimas

Até o céu já conhece essa cena...

Quando houvera querer, pairava a serenidade
E o perfume fresco que nutria o espírito
Era qualquer coisa de um pedaço de ti

Qualquer coisa...

Agora, enquanto deliro em febre trôpega
As lembranças são como névoa que engole tudo em manhã cinza
E lembro que o melhor da febre continua sendo o delírio
Porém isso eu não aprendi contigo

Aprendi na vida, na rua, em risos escrachos
Conversas vazias, filosofias vãs
Nada volta atrás, e muito tempo já se foi
Nada foi tão presente na ausência. Sempre.
E o que tenho hoje é só essa febre de espasmos
E os delírios de bruma
Com os sonhos rasgados
De planos que a vida tratou de dissipar

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Droga!

Tu tava dormindo
Em algum lugar dentro de mim
Pq acordou???
Pq acordou hein?
Droga!
Que eu faço contigo agora?
Que não posso fazer nada!
Que já tinha te matado, te mandado embora, te esquecido
Eu que já nem acreditava mais que tu existia
Nem acreditava que tudo aquilo tivesse existido
Ouço All Star do Nando Reis
E canto Raul sem nem perceber

Sinais de que acordaste
Droga!
Vejo teu rosto e não posso tocar
Tenho teu telefone e não posso ligar
E me arrependo do que não fui
E tenho medo de jamais ter oportunidade de ser de novo
Pq a vida mudou e já nem parece aquela q a gente viveu

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Abrazos vacíos y un corazón roto

Abrazos vacíos
Y un corazón roto
(¡Ah mi cariño!)
Quiziera yo
Tener tus ojos
Pequeños
Mis pequeños ojos
(De ardor e súplicas)
Del deseo y sufrimiento
Pero no tengo ojos
Yo no veo
Ahora
Hoy yo no tengo ojos
Pequeños y verdes
Tengo el corazón que mismo roto late
Y abrazos de nadie
Por nadie
Para nadie
Sin salida
Sin razón

segunda-feira, 22 de março de 2010

A poesia da minha vida

Soneto Nº12
Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta tempora assedia;

Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia a sobra franca
E em feixe atado agora o vejo trigo
Seguir o carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono

Morrem ao ver nascer a graça nova.
Contra a foice do tempo é vão combate
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.

William Shakespeare

segunda-feira, 15 de março de 2010

Da dor

Olha bem, consegue ver?
Os meus pedaços por ai, e os remendos que tenho tentado fazer?
Consegue enxergar tudo isso?
Como as partes não se encontram mais!
E os meus pedaços se vão por aí entre as desilusões e o fingir que a rotina pede!
Consegue ver?
A raiva nos olhos de alguém que já chorou todas as lágrimas que podia nos últimos dias,

Meses

Anos

Raiva sim, pois os olhos secaram, já não brilham mais.
Não há nada mais triste do que olhos secos.
Consegue ver?
O brilho foi mais um, dos pedaços que ficaram por aí, por aqui, pelo caminho tantas e tantas vezes percorrido de ir e voltar.
Todos os dias são de não ser feliz, peito sangrando e grandes tormentas ao invés de pensamentos.
Revoltas entre sonhos enterrados e vontades inatingíveis.
Hoje o ideal era dormir pro amanhã não existir.