segunda-feira, 13 de abril de 2009

Prólogo

O mais profundo jamais é corpo,
O mais profundo é pra além d'alma, algo como corpo e alma.



Eles já se conheciam há muitos anos. Eram amigos há muitos anos. Ela o amou desde a primeira vez que o viu, e sim isso é possível, aconteceu com ela. Ele a amava da mesma forma. Eles não sabiam de nada. Mesmo quando ela foi embora, eles continuavam se falando e quando o telefone não dava conta os Correios eram acionados. Ela escrevia cartas, ele escrevia publicações completas, páginas e páginas. Sempre fora o mais emocional. Eles fizeram muitas coisas juntos, sempre. Gostavam de coisas parecidas e aprendiam um com o outro. Discutiam também, horas e horas. Ele era extremamente otimista, ela acreditava ser realista. E isso os unia mais ainda.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Primeiro capítulo

Agora não se viam há meses. Foi então que ela terminou um namoro, e na mesma semana teve uma oportunidade de ir lá. E foi. Combinaram que se encontrariam na festa que era o motivo da viagem dela. Contudo, não haviam pretenções, como alguém poderia imaginar. Realmente elas não existiam naquele momento. Ela se arrumou pra festa pensando no ex, estava linda, o vestido preto com detalhes em grafite moldava-se ao seu corpo, revelando os resultados das horas de academia do último ano. Maquiagem e cabelos impecáveis ganhavam um ar ainda mais solene sobre o salto que a deixava com pouco mais de 1 metro e 80cm. Mulher é como índio, se pinta pra ir pra guerra, e ela queria afogar as mágoas. Ele, que havia comprado um sapato novo, resolveu ir de tênis preto e calça jeans. A camisa que estava pra fora da calça era de um azul tão escuro quanto seus olhos. Por cima disso tudo um blazer, nada de paletó, terno ou gravata, ele era assim. Havia também o relógio, a barba por fazer, o cabelo negro, liso, e o perfume que ele jamais esqueceria de colocar. Sentia-se bem, e estava perfeito. Quando os olhos se encontraram houveram sorrissos instantâneos e verdadeiros. O sorrisso dela, trazia lembranças de tudo que fora junto com ele, da infância dos bons momentos e a felicidade em vê-lo, o dele enchia-se de um frio na barriga e pernas trêmulas, dificil explicar, nunca a tinha visto como estava naquele dia. Aproximaram-se... um abraço... um beijo um pouco acima da sombrancelha (ele sempre fazia isso pq era mais alto, naquele dia ela estava quase da sua altura). Todas as palavras do mundo estavam ali, e brincavam de se esconder dos dois. Falaram pouco, mas os olhos se entenderam perfeitamente. Ela perguntou se ele cuidaria dela naquela noite, ele respondeu que sim mas não entendeu o motivo. Ela bebia e dançava como se aquela fosse sua última oportunidade de fazê-lo, voltou-se a ele e xingou todos os homens do mundo, pediu para que fossem pra outra festa, e foram. Ela continuava bebendo, ele cumpria sua palavra. Por um segundo os olhos se perderam, ele estava sentado a um canto e a cabeça dela foi repousar em seu peito. O choro e só.